Parece que o ano mal começou e fevereiro já vai quase pela metade... O tempo escorre entre meus dedos como finos grãos de areia secos pelo sol inclemente de um meio-dia de verão. Ah, se eu pudesse reter o tempo, faze-lo caminhar um tantinho mais lentamente para que eu pudesse demorar-me um pouquinho mais em meus caminhos e assim, talvez conseguisse sorver tudo o que gira em torno de mim, gota a gota, num aprendizado enriquecedor para minha alma, sem deixar passar nada... O deslumbramento de um adolescente em seu primeiro amor, a pureza de uma criança transposta em seu riso, a esperança de um jovem no futuro, a força de um homem em seu trabalho, a delicadeza de uma mulher num momento de ternura, a doçura contida numa frase de amor, a ternura do olhar de uma mãe contemplando seu filho adormecido, a paz de um jardim ao luar, a força incontida do mar, a fúria de um vendaval, a beleza de um por do sol, a esperança do amanhecer, o abraço de um amigo, a mão do homem amado, a vida... A vida!
Talvez assim, quando fosse chegado o momento da partida, eu pudesse carregar comigo ao menos um frágil e tênue vislumbre do significado da vida...