floquinhos

sábado, 20 de novembro de 2010

Longe de um país chamado Brasil...


A rotina das sextas-feiras, por aqui, envolve pegar os kids na after school, traze-los para jantar e em seguida leva-los a aula de português em Everet, uma cidade bem próxima, distante a aproximadamente uns vinte minutinhos, de carro e, enquanto eles assistem aula, minha filha e eu vamos as compras da semana. Compras feitas, voltamos para casa e pouco antes das nove da noite retornamos a Everet, para apanhá-los.
A comunidade brasileira nesta região de Massachusetts é bem grande e o curso é organizado e coordenado por voluntários, professoras no Brasil que vieram para cá em busca de um novo modo de viver, e que fazem questão de manter vivo, de passar para os alunos, o amor a Pátria distante, seus costumes, suas tradições. Assim, na última sexta-feira de cada mês, as aulas são encerradas com a criançada reunida para a cerimônia do Hino Nacional Brasileiro. Todos perfilados no palco, bandeira hasteada, os acordes do hino começam a ecoar pelo enorme salão e as vozes infantis, grande parte delas carregadas de sotaque, tomam conta do ambiente, enchendo de orgulho os corações dos pais ali reunidos, chamados para participar do momento cívico. E no rosto de cada uma daquelas pessoas, homens e mulheres, gente que trabalha duro dia após dia, no olhar de cada um deles, a marca indelével da saudade, do orgulho de pertencer a um país que, embora distante, vive presente dentro deles. Uns acompanham emocionados, voz embargada as estrofes do hino, outros apenas ficam ali, olhar perdido, um semi-sorriso estampado no canto dos lábios, outros ainda apenas parecem deixarem-se ficar, semblante entristecido, como se só seu corpo ali permanecesse...
Terminada a cerimônia, o alarido das crianças volta a preencher o salão, numa algazarra só. Correm para seus pais que, ainda sob a emoção da viagem imaginária a terra distante, tomam-nos pela mão e vão se dirigindo para a saída, voltando a realidade de seus cotidianos. Vindos em busca de uma melhor oportunidade, enfrentam na maioria das vezes, um trabalho duro - são pintores, pedreiros, azulejistas, vendedores(as), faxineiros(as), motoristas, são o que conseguirem ser, sem medo do trabalho, sem perder a esperança, sem abandonar a alegria de viver tão própria dessa nossa brava gente, na tentativa de oferecer aos filhos e a si próprios uma vida melhor, mais digna, mais confortável, no desejo de realizar seus sonhos...
Assim foi ontem, apesar de não ser a última semana do mês, já que pelo feriado do Thanksgiving não haverá aulas na próxima sexta. E lá estava eu, emocionada, pedindo a Deus em oração que abençoasse aquela gente, que lhes permitisse força e coragem para seguir em frente, para que cada um deles visse seu sonho transformado em realidade... Tomara!...

8 comentários:

Anônimo disse...

Sentiria a mesma emoção que vc,querida Dulce.
Longe da Pátria qualquer alusão,ver
a bandeira,ouvir o Hino dá choque!
Emociona mesmo.
Beijo.
isa.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Isa

Sim, sempre emociona, e ver aquelas pessoas que deixaram para trás familiares, amigos, que lá estão para realizar um sonho de melhor viver... não dá para deixar de sentir a nostalgia que os invade...
Beijos

AC disse...

Dulce,
Este texto é fantástico, com a emoção a soltar-se das palavras a cada instante.
Parabéns!

beijo :)

UBIRAJARA COSTA JR disse...

AC

Obrigada, meu amigo. Foi mesmo um momento de emoção.
Beijos e um bom final de semana para você.

Dora Regina disse...

Se já é emocionante participar dessas cerimônias estando aqui no Brasil, imagino estando distante, a emoção é muito maior.
Boa postagem!
Bom fim de semana...Um abraço!

Paloma disse...

DULCE, este meu coração VERDE e AMA
RELO, se emocionou com o seu texto.
Interessante o empenho em ensinar
português a essas crianças.E,segun-
do dizem, uma lingua muito dificil
de aprender. Meu ídolo,JULIO, fala
francês e ingles.Mas,declara sempre
que o portugues é o mais dificil.
É muito rica,nossa lingua.
Beijos

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Dora Regina

É verdade! Fora do Brasil os sentimentos batem ainda mais forte.
Obrigada, beijos e um bom final de semana para você também.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Paloma

Sim, dizem que sim. Mas meus netos falam portugués desde pequeninos, o que facilita o aprendizado.
Beijos e uma boa noite para você.