floquinhos

terça-feira, 9 de junho de 2009

Recordando outros Junhos...

(Bia e Caio prontinhos para a festança, em foto antiga. Hoje, a caminho da universidade, já não se vestem mais a carater, preferem a descontração do blue jeans)

Junho, hoje, pelo menos para quem vive nesta cidade, é quase um mês como os outros, mas quando menina, era um mês esperado ansiosamente pelos festejos de Santo Antonio, São João e São Pedro, quando a vizinhança se reunia nas vésperas dos dias de cada um deles e em volta de uma fogueira armada ali mesmo sobre os paralelepípedos da rua, aonde ao final da noite, nas brasas eram assadas espigas de milho verde, muita batata doce, aonde o quentão rolava solto, esquentando a noite, e latas enormes e fumegantes de pinhão cozido eram indispensáveis, os moradores brincavam até bem tarde. Havia ainda pé-de-moleque, paçoca de amendoim, cocadinha, bolo de fubá, maravilhosos doces brasileiros, típicos dessas festas.

Naquele tempo não se cogitava dos perigos que um balão poderia causar e o céu ficava coalhado de tremeluzentes luzinhas. A garotada ficava pronta para sair correndo atrás de qualquer deles que começasse a cair, pois apanhar um desses balões era como se fosse ganhar um troféu e, depois de colocar nele uma nova tocha, ter a alegria de vê-lo subir novamente.
Enquanto isso, as moças e meninas, reunidas, iam “tirar a sorte”, queriam muito saber com quem e quando se casariam, e para isso serviam papeluchos com vários nomes, enroladinhos e colocados num copo com água, ao sereno, para ser visto no dia seguinte; o papel que abrisse seria o noivo. Ou colocavam água num prato e sobre ele, com a mão imóvel, deixavam os pingos de uma vela acesa irem caindo e a letra que se formasse (e elas sempre viam ali uma letra) seria a inicial de seu príncipe... Ou ainda pediriam emprestada a aliança de qualquer das mães, que seria suspensa sobre um copo com água pela metade, presa a um fio de cabelo da moça casadoira. Quando a aliança começasse a balançar, contavam as batidas que ela, em seu vai e vem, desse nas bordas do copo, batidas que significariam o numero de anos que levaria para seu casamento...
Doces sonhos tinham as meninas de então... Simples e ingênuos sonhos...

E dançava-se a quadrilha... Ah, que delícia!... E soltavam-se fogos, foguetes e, no final da festa, havia quase sempre uma guerra de busca-pés travada entre os rapazes que assustava as crianças e afugentava os mais velhos, acabando com a festa... Os jovens sempre foram irreverentes...

E era ainda em junho que aconteciam as quermesses, uma festa a parte, uma deliciosa tradição que praticamente se perdeu no tempo. Mas as quermesses são um capítulo a parte, ficam para uma outra vez.

Hoje essas festas estão restritas aos clubes e às escolas, pelo menos por aqui, porque lá pelo nordeste deste imenso país, elas ainda são tradição, ainda acontecem em todo seu esplendor, em toda a sua magia... Tradição que o progresso e a tecnologia afastaram das grandes cidades, lembrança doce que ficou no coração de menina que ainda mora em mim...

Dulce Costa

Numa manhã de recordar outros junhos, neste junho do ano de dois mil e nove

14 comentários:

conduarte disse...

Dulce, vim agradecer o omcentários que deixou no blog do Ferreira sobre o texto Envelhecer...
E encontrei por aqui, o delicioso texto seu, falando do passado e das festas juninas....

Sinto saudades também de tudo isso, e do tempo que meus filhos eram crianças e corríamos para ajeitar tudo só para vê-los dançar...
Muito bom recordar...

Muito bom

Um beijo, CON

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Pos é, Con

Tempos lindos aqueles em que nossos filhos eram pequenos... Hoje já vejo netos crescendo, tenho seis e vão dos 7 aos 17 anos, e as emoções se renovam...
Beijos

Dulce

Pitanga Doce disse...

Aqui no Rio de antigamente, quando a cidade tinha um coração, também era assim. As famílias se conheciam e levavam os doces feitos em casa para servir nas barraquinhas. Eu só ficava de fora a olhar que a minha mãe nunca entrava nessas coisas. Primeiro porque não sabia fazer nada disso, segundo porque não podia. Tempos difíceis, Dulce. Eu nem nas festas da escola participava. Mas as crianças têm o poder de se alegrarem só em ver.

Balão japonês! Que mal poderia fazer aquele balão? Os de lanterninhas (lembra?) é que assustavam mais.

Hoje as festas juninas de rua são ao som do funk e organizadas você sabe por quem...

Do lado de lá do Atlântico eu vivia num lugar onde o protetor era São Pedro (com capelinha na rua e tudo) e por esta época a festa é valente! Sem contar o São João do Porto nas Fontainhas.

Ih deixa eu parar por aqui que isto está virando um post.

Desculpa Dulce. "Viajei"!

boa tarde e vou trabalhar

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Pitanga Doce

Tão boas essas lembrança, não?
e você viveu essas festas lá no além mar que devem ser maravilhosas, já que as daqui nasceram delas, dos costumes dos portugueses trazidos para os Brazis... rs... que delicia.
Bom trabalho, minha amiga.
beijos

Anônimo disse...

Obrigada,minha Amiga,por partilhar
esses momentos lindos,connosco.
Vivemos tudo isso e,como diz a Kooka,minha irmã mais nova,"são
nossos e ninguém os levará"...
Beijo.
isa.



Ps:os meus Filhos estão em Angra dos Reis adorando cada bocadinho que visitam dessa terra linda´q.é o
Brasil...

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Isa

Sua irmã está coberta de razão, viu? pelo menos isso ninguem nos pode tirar... rs...
Seus filhos estão num dos lugares mais lindos deste Brasil, que é Angra dos Reis, e fico muito feliz que eles estejam gostando. Que bom!!!

Beijos

Elvira Carvalho disse...

Me lembrou os meus tempos de menina. As fogueiras que nós fazíamos questão de saltar, enquanto os nossos pais, sentados à soleira observavam as nossas brincadeiras.
E os balões de papel que meu pai fazia e lançava na noite de S. João.
Era uma festa.
Hoje festa só em Lisboa, pelo Santo António, com as marchas populares, os arraiais, as sardinhas assadas.
E no Porto pelo S. João. O resto do País vive os Santos Populares, pela TV.
Um abraço e obrigada pelas suas recordações, que desencadearam as minhas.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Elvira

Também pulávamos as fogueiras, sob os olhares divertidos de nossos pais e apreensivos de nossas mães... rs...
Ah, que saudades daqueles tempos tão mais limples, tão mais amenos...
Sou em quem agradece suas lembranças colocadas aqui.
Um abraço.

Anônimo disse...

Olá Dulce!
Não tenho tido tempo para visitar os amigos, mas hoje arranjei um tempinho e aqui estou. abro logo com um post que me traz magníficas recordações de infância e juventude.
No Porto onde vivia, era o S. João qu se festejava e nenhum outro santo era tão popular.
Os balões a subir no ar, transportando os nossos sonhos, saltar a fogueira, namoricos, coisas boas . Que saudades!
Na próxima semana penso poder voltar à normalidade. Até lá!

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Carlos

Bom te-lo por aqui.
Eram mesmo tempos bons, as saudades que sentimos desses festejos comprovam isso...
Até a semana, então, meu amigo, e obrigada por esta visita.

vieira calado disse...

Tem-se perdido tanta coisa saudável!...
Resta-nos recordar.

Beijoca

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Vieira Calado, boa noite

Recordemos então, com o carinho necessário e devido, já que é tudo que nos resta...

beijos

wallper.lima disse...

Olá Dulce! Aqui estou eu em seu espaço...vim agradecer sua visita, e dizer que espero daqui pra frente, sempre ter sua presença em meu espaço.
Prometo que volto, e lerei com mais calma outros textos.
Fui em seu outro espaço e deixei um comentário lá...procure.
Bjocas.
Já sou sua seguidora.
Wal.

UBIRAJARA COSTA JR disse...

Wal

Seja muito bem-vinda.
Certamente vou sempre voltar aos seus espaços, já que gostei muito do que encontrei em cada um deles.
Obrigada pela visita e estou indo procurar o recado que deixou no Chega-junto.
beijos

Dulce