floquinhos

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ENTRE A GUERRA E A PAZ DA MADRUGADA


A madrugada, para mim, é um tempo especial, único... É nela que meu coração se abre para os sonhos, é nela que minha alma viaja em busca de paz, é nela que consigo mergulhar dentro de mim e buscar minhas verdades, decifrar meus enigmas, entender minha realidade ainda que mergulhada em sonhos, sentir mais intensamente o que trago em mim. É quando os sentimentos gritam mais alto, é quando todo meu ser chora a ausência da alma gêmea que nunca cruzou meu caminho, ou talvez tenha cruzado sem nos termos reconhecido, tão absorvidos andamos em tentar decifrar mistérios indecifráveis... E nas madrugadas insones, perdida dentro de mim mesma, por vezes alcanço a paz, por vezes encontro a guerra. Uma guerra desleal entre a realidade e o sonho, entre o abrir meu ser para vida, para o mundo, para a paixão tardia e inconsequente ou o deixar-me ficar consolada com o que já tive (e foi tão pouco, diante de tudo que almejei) voltar a minha condição de mulher vencida pelo tempo e pelas circunstancias adversas da vida, continuar em meu papel pequeno e sem graça de saber envelhecer placidamente... Dificil escolha. Meu coração pede que vá a luta. Minha alma exige que corte as amarras. Meu meu eu consciente me coloca acuada num canto, exigindo de mim uma postura mais racional, mais de acordo com minha idade. MAS QUE IDADE? Se hoje não tenho mais que trinta, quarenta nos! Se ainda sinto em mim o clamor da liberdade de amar sem freios e sem preconceitos? HA!!!! faz-se então a guerra... E no final, a razão sempre vence quando a cruel realidade chega e me coloca diante de um espelho que me devolve a imagem de uma mulher marcada pelo tempo, trazendo em cada ruga do rosto a história de uma pequena batalha pela vida, vencida ou não, mas travada com bravura , em cada centímetro de meu corpo o visível cansaço pela longa caminhada, no sorriso triste a visão de uma solidão avassaladora, no olhar espantado com o que vê, a certeza de que pode até ser que a realidade se imponha, cruel, dilacerante, mas la no fundo vai sempre existir uma alma inconformada, um coração inquieto, pedindo espaço, clamando por socorro, exigindo o direito inalienável do sonho...

Dulce / madrugada de 10 de dezembro / 2008

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