floquinhos

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

COM O QUE SONHA UMA ALMA?


Minh’alma vaga triste pelos meus sonhos, em busca de um alento, de um afago nesta noite fria, silenciosa, Talvez ande a procura do que, sei bem, jamais encontrará.
E fico me perguntando se haverá mesmo, para cada um de nós, uma alma gêmea perdida na imensidão deste universo. E se houver? Estará ela também buscando sua outra parte? Algumas vezes pensei te-la encontrado pela vida, aqui, ali, ainda menina-moça, jovem, mulher madura, mas foram almas que, afins, passaram pondo encanto em meus dias, ternura em meu coração, para depois transformarem-se em ausências doloridas, em decepções, mágoas, saudades. E a cada vez ia crescendo um pouquinho mais meu desencanto.
Mas que pode uma mulher já no outono da vida desejar ainda para si? Ah, tanta coisa! Deseja, antes de tudo, doce companheirismo, uma alma semelhante, já que concluo que alma gêmea é pura utopia. Imagina que em alguma parte deste nosso mundo possa haver outro alguém cuja alma se pasme diante da beleza de um pôr-do-sol, que se encante com um amanhecer, que se deslumbre com um luar. Alguém que deixe seus olhos se iluminarem na imensidão das águas do mar, que goste de sentir a chuva cair em seu rosto, alguém que se sinta menino o bastante para caminhar de mãos dadas e suficientemente maduro para entender seus silêncios, que ame poesia, respire musica, e que assim faça de cada momento um tempo especial. Alguém que, mesmo tendo percorrido áridos e duros caminhos, continue acreditando em seus sonhos e lutando por eles. Alguém que valorize o que somos, bem mais do que o que temos. Alguém que seja alma, coração, sensibilidade, ternura...
E, finalmente, alguém que esteja a espera de outro alguém, para juntos descobrirem os pequenos encantos de se falar sobre tudo e sobre nada, de se ficar um longo tempo em silêncio, lado a lado, apenas ouvindo o barulho das ondas quebrando na areia, numa praia deserta, ou da chuva caindo sobre os telhados, e que ternamente divida com ela um chá ao cair da tarde, um jantar a luz de velas, um cinema, um teatro, um passeio sem destino, enfim esses momentos que preenchem a alma e dão sentido a vida.

De novo, utopia? Pode ser, mas com o passar do tempo, depois de um longo caminhar, até adquirimos o direito de acreditar em utopias...
Posso quase afirmar que isso é tudo o que uma mulher já amadurecida sonha poder ainda encontrar um dia em seus caminhos... Porque é nesses sonhos que minh’alma mergulha na imensidão das madrugadas insones...


Dulce
Winchester / 26 de dezembro de 2008

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