floquinhos

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

BALADA PARA UMA SEXTA-FEIRA DE CHUVA


Já é sexta-feira! O tempo escorre por entre meus dedos como finos grãos de areia secos pelo sol inclemente de um meio-dia de verão... Ah, se eu pudesse reter o tempo, faze-lo caminhar um pouco mais lentamente para que eu pudesse demorar-me um pouco mais em meus caminhos e pudesse assim sorver tudo o que gira em torno de mim, gota a gota, num aprendizado enriquecedor para minha alma, sem deixar passar nada... A alegria de uma adolescente em seu primeiro amor, a pureza de uma criança transposta em seu riso, a esperança de um jovem no futuro, a força de um homem em seu trabalho, a delicadeza de uma mulher num momento de ternura, a doçura contida numa frase de amor, a ternura do olhar que uma mãe derrama sobre seu filho adormecido, a paz de um jardim ao luar, a força incontida do mar, a fúria de um vendaval, a beleza de um por de sol, a esperança do amanhecer, o abraço do amigo, a mão do homem amado, a vida... a vida...
Já é sexta-feira... O mundo segue seu curso, o tempo segue seu ritmo, eu sigo meus caminhos ainda plenos de sonhos, ainda com esperança no que possa vir, ainda senhora de mim e dos meus passos...
Feliz com a lucidez que minh'alma carrega, vou armazenando em mim momentos preciosos, emoções doces, ternuras, carinhos, serenidade, como uma bagagem para amenizar um inverno que talvez seja rigoroso e que está a espreita, numa curva qualquer dos meus caminhos. E que quando esse inverno chegar, quando eu chegar a ele, que minha alma esteja revestida de gratidão pela primavera da vida, alegre e despreocupada, pelo verão quente, gostoso, pleno de emoções, e pelo outono que tem sido doce, envolto em tantos sonhos, em tantos contidos sentimentos, em tanta serenidade preciosa nos momentos mais difíceis, na superação desses momentos, na paz relativa de meu coração.
Carrego comigo meu baú de memórias e meu baú de emoções e quando for inverno, sentada numa poltrona ao pé da lareira, tentando aquecer um frio que talvez venha da alma, vou poder abrir esses baús e, um a um, reviver meus sonhos, uma a uma, festejar minhas memórias ao revive-las ternamente. Haverá lágrimas, haverá sorrisos, haverá saudades, haverá amor... O mesmo amor que veio comigo do berço, que me acompanhou por todos os caminhos, sem esmorecer, sem perder a força. O amor que fechará meus olhos e que lançará minha alma para o infinito de uma nova vida...

Dulce / 12 de dezembro de 2008


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